segunda-feira, 24 de maio de 2021

NÃO AO CERCO CONTRA A BIELORÚSSIA: EM DEFESA DE SUA SOBERANIA NACIONAL E PELO DIREITO A SE DEFENDER DAS PROVOCAÇÕES DA OTAN E DO IMPERIALISMO!

Um avião da Ryanair que havia partido da Grécia com destino a Lituânia recebeu um aviso de bomba dos controladores de vôo da Bielorússia neste domingo (23.05). Assim que a aeronave entrou no espaço aéreo bielorusso, caças acompanharam o avião que levava cerca de 170 passageiros. O Departamento do Ministério dos Transportes da Bielorússia afirmou que aqueles que ameaçaram explodir a aeronave da Ryanair exigiam da União Europeia em uma carta que o bloco europeu parasse de apoiar as ações de Israel. A transcrição das comunicações entre o controlador aéreo e a tripulação demonstra que não houve pressão por parte de Minsk sobre a decisão de aterrissar o avião. O departamento bielorrusso negou as informações sobre alegadas ameaças da Força Aérea do país de usar mísseis ar-ar para obrigar a aeronave comercial a pousar. No referido avião viajava Roman Protasevich, fundador do canal Nexta no Telegram, considerado por como um opositor direitista patrocinado pela imperialismo ianque e europeu. Posteriormente Protasevich foi detido. A prisão foi rechaçada pela União Europeia e a OTAN que acusaram o governo da Bielorússia de ter sequestrado o avião e montado uma farsa em torno da ameaça de bomba para detê-lo. Frente a essas provocações dizemos: Não ao cerco imperialista contra a Bielorússia! Em defesa de sua soberania nacional e pelo direito a se defender das provocações da OTAN!

A Lituânia, integrante da UE, pediu que o bloco e a OTAN respondessem. A ação foi classificada como “inaceitável”, pela líder da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen. A base da provocação imperialista é a versão que o avião foi sequestrado. Os países da União Europeia, os Estados Unidos, a agência da ONU responsável por aviação, a Associação Internacional de Transporte Aéreo e as companhias aéreas ocidentais se uniram nesta farsa para impor um cerco reacionário a Bielorússia.

O governo da Bielorússia em comunicado afirmou “Em 23 de maio, no correio eletrônico do Aeroporto Nacional de Minsk foi recebida uma mensagem em inglês do endereço ProtonMail.com: 'Nós, soldados do Hamas, exigimos que Israel cesse o fogo na Faixa de Gaza. Exigimos que a UE pare de apoiar Israel nesta guerra. Sabe-se que membros do Fórum Econômico de Delphi estão voltando para casa no voo FR4978. Há uma bomba nesse avião. Se nossas exigências não forem cumpridas, a bomba vai explodir sobre a cidade de Vilnius em 23 de maio’”. 

A Rússia defendeu a Bielarússia. O governo de Bielorússia disse que os controladores de voo só fizeram uma sugestão aos pilotos. Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, chamou de "chocante" a reação de países ocidentais ao pouso de emergência de voo da companhia aérea Ryanair em Minsk, Beilorússia. “É chocante que o Ocidente chame a situação no espaço aéreo de Belarus de 'chocante'”, escreveu Zakharova. 

Segundo a representante oficial da chancelaria russa, “a vida de 'democracias civilizadas' pela trajetória 'quod licet Iovi, non licet bovi' [o que é permitido a Júpiter, não é permitido a um boi] não é atual há muito tempo devido à perda das verdadeiras qualidades de liderança de líderes de outrora”.

“Ou tudo deve chocar – de aterrissagens forçadas na Áustria de avião do presidente da Bolívia por solicitação dos EUA e na Ucrânia após 11 minutos da decolagem de avião bielorrusso com ativista do Anti-Maidan – ou não deve chocar o comportamento análogo de outros", adicionou Zakharova.

Em 2013, o voo do então presidente boliviano Evo Morales foi obrigado a aterrissar em Viena porque, segundo os rumores, a bordo junto com o presidente estava o ex-agente da Agência Central de Inteligência dos EUA, Edward Snowden, acusado pelos Estados Unidos de divulgar segredos de Estado.

Todas essas escaramuças contra a Bielorússia tem como base o fato de Lukashenko ser considerado pelos imperialismo europeu e ianque como o último herdeiro da URSS, ainda no poder em uma antiga república soviética. Foi o único membro do Parlamento que votou contra o tratado de 1991 que dissolveu a União Soviética, tem tentado preservar, pelo menos em parte, elementos da URSS no país, como uma intensa economia estatal. 

A Bielorússia é um país que foi parte da União Soviética e portanto tinha uma economia planificada que mantém traços fortes no país. A maior prova disso é que os bielorrussos votaram em um referendo para manter a União Soviética intacta em uma margem de 84% a 16%, pouco antes de entrar em colapso em 1991.

Ao contrário de outros países que sofreram golpes de direita disfarçados como “revoluções mande in CIA” como a Ucrânia e a Lituânia, a Bielorússia conseguiu manter uma nova burguesia que orbita Moscou, apesar das fricções entre ambos. "Conto que a sua ação à frente do Estado vai permitir o desenvolvimento futuro das relações entre a Rússia e a Bielorússia - vantajoso para as duas partes”, escreveu o Presidente russo num telegrama enviado para Minsk. A Rússia é essencial para a economia da Bielorrússia, enviando, por exemplo, energia a preços mais baixos.

Ao avanço da OTAN, a Rússia tem respondido com uma estratégia exitosa de fortalecer um projeto euroasiático, através de um duplo movimento. De um lado, a Rússia está construindo alianças com as ex-Repúblicas Soviéticas asiáticas, priorizando acordos econômicos e projetos de infraestrutura, com desdobramentos geopolíticos. De outro lado, Moscou amplia acordos com países que desde o final da Segunda Guerra Mundial estiveram na esfera de influência de Estados Unidos. Um exemplo do primeiro tipo de iniciativa é a União Econômica Euroasiática (UEE ou UEEA), formada em 2015 com a Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e a Federação Russa. A rápida consolidação da UEEA está animando a outros países a se interessarem pelo acordo, inclusive os não asiáticos.

Hoje, está colocado para o proletariado mundial e, particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas rechaçarem as investidas da UE, da OTAN, dos EUA e de seus agentes na Bielorrússia. Apesar de não depositarmos qualquer confiança no governo de Lukashenko, objetivamente representa um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN na região. 

Nesse sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a fazer na Bielorússia na própria Rússia uma “transição democrática” conservadora aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio.

Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos revisionistas, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe” agora apoiam as manifestações da direita na Bielorússia assim como festejaram no passado as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais “revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia.

Agora, a Bielorússia é a bola da vez da reacionária ofensiva do imperialismo, que tomou grande impulso com a derrubada do regime Kadaffi pela OTAN, tendo Lukashenko como o “adversário” indesejado a ser removido do governo, mas no fundo tendo como alvo o próprio Putin no Kremlin! Somente genuínos trotskistas que não se deixaram levar pelo canto de sereia “humanitário” imperialista, que se mantêm firmes na luta para que os povos oprimidos assumam o controle dos recursos energéticos do planeta, pela expulsão dos abutres multinacionais e expropriação do conjunto das burguesias mafiosas, terão autoridade suficiente perante as massas ucranianas, bielorussas, georgianas, ossetas e russas para conduzir a luta estratégica por uma Federação de repúblicas socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas revoluções bolcheviques.