A FALSA “SAÍDA” DAS TROPAS IANQUES DO AFEGANISTÃO: ANCORADO NO DINHEIRO DO NARCOTRÁFICO DE ÓPIO, EUA REFORÇA OFENSIVA CONTRA RÚSSIA, IRÃ E CHINA
A suposta saída das tropas ianques do Afeganistão até 11 de setembro de 2021 anuncidada por Biden é uma farsa completa. Os EUA têm dezenas de bases no país e hoje já trabalha para manter parte desse imenso aparato militar com os lucros advindos da plantação de Papoula e a produção de ópio para o mundo em consórcio com as forças nativas. Biden está meramente prometendo retirar cerca de 2.500 tropas oficiais dos EUA no Afeganistão, uma fração minúscula da presença militar norte-americana real, que inclui mais de 18.000 contratados ao lado de um número incontável de pessoal da CIA, operadores de drones, traficantes de drogas e outras pessoas que até o “insuspeito” New York Times chama de “combinação obscura de Forças de Operações Especiais clandestinas, contratados do Pentágono e agentes secretos de inteligência” que não fazem parte da retirada fictícia de Biden.
O narcotráfico é muito utilizado na manutenção de
forças irregulares ou paramilitares no Afeganistão, como ocorre na Colômbia, estimulando a milionária cadeia de
valor do ópio e da cocaína respectivamente. No caso
afegão a peculiaridade está na fixação controlada pela CIA de uma estrutura econômica extremamente rentável baseada no
narcotráfico do Ópio.
Por sua vez, os EUA vão transferir parte dos equipamentos e tropas que estão “saindo” do Afeganistão para Uzbequistão ou Tajiquistão – duas ex-repúblicas soviéticas fronteiriças da Rússia. Na semana passada, Zalamay Khalilzad, o representante especial dos EUA para Afeganistão, visitou tanto Tajiquistão como Uzbequistão buscando acertar os detalhes dessa transferência militar.
Washington começou a trabalhar na promoção de laços de segurança com as
repúblicas centro-asiáticas nos anos 90 após a dissolução da União Soviética,
implantando em 2001 por curto período de tempo tropas no aeródromo de Kulob, no
Tajiquistão, e estabelecendo rotação de sete mil soldados dos EUA na base aérea
de Karshi-Khanabad, no sul do Uzbequistão, entre 2001 e 2005.
Lembremos que o carniceiro “Democrata” anunciou em abril a retirada de todas as tropas do imperialismo ianque do Afeganistão. Na realidade, Biden estava anunciando o reconhecimento explícito de uma derrota histórica de suas forças de ocupação: sair de forma “ordenada” para não passarem pelo mesmo vexame do Vietnã, onde fugiram humilhados diante da ofensiva final dos vietcongues.
Ele anunciou formalmente a retirada na Sala de Tratados da
Casa Branca, mesmo local onde o carniceiro George W. Bush anunciou o início da
guerra em 7 de outubro de 2001, poucas semanas após os atentados de 11 de
setembro, que humilharam os EUA em seu próprio território.
"Fomos ao Afeganistão por causa dos horríveis ataques de 11 de setembro que ocorreram há 20 anos", declarou o Democrata,acrescentando que "isso não explica por que deveríamos permanecer lá em 2021. Em vez de voltar à guerra com o Taleban, Washington precisa se concentrar nos desafios do futuro”. Esse reordemento está voltado a incrementar a ofensiva contra a China, Rússia e Irã. Ainda assim, a operarçaõ trata-se de uma verdadeira declaração de rendição do Pentágono e também da OTAN.
O presidente títere afegão, Ashraf Ghani, anunciou que "respeita" a decisão dos Estados Unidos. Ghani acrescentou que o Afeganistão trabalhará com Washington "para garantir uma transição suave" e que continuará a cooperar com os EUA e a OTAN nos esforços de paz em andamento. O governo fantoche sabe que não conseguirá se sustentar muito tempo sem as tropas imperialistas, por isso mesmo joga todas suas fichas na celebração de um “Pacto Nacional”.
O Taleban alertou que se o acordo alcançado em fevereiro de
2020 em Doha (Catar), que prevê a retirada antes do prazo final de 1º de maio,
não for cumprido, isso causará "problemas" para as tropas
imperialistas. "Se o acordo for violado e as forças estrangeiras não
deixarem nosso país na data especificada, os problemas certamente aumentarão e
aqueles que não cumprirem o acordo serão responsabilizados", tuitou o
porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid.
O Pacto que os EUA e o Taleban firmaram em fevereiro de 2020
estabelece que Washington deve retirar os militares dos EUA do território
afegão antes de 1º de maio de 2021. Por sua vez, o Taleban se comprometeu a
entrar em negociações com o governo do Afeganistão para chegar a uma “solução
pacífica” à prolongada guerra no país. Por solução pacífica entende-se o
Taleban exigirá que o atual governo afegão, completamente desmoralizado diante
da população, renuncie “pacificamente”.
Em 26 de março, o Taleban avisou que retomaria as
“hostilidades” (leia-se ataques) contra os militares estrangeiros presentes no
Afeganistão se eles não cumprissem o prazo para deixar aquele país. A ameaça
foi uma reação às declarações de Biden, que na véspera disse que seria
"difícil" para Washington retirar as tropas americanas naquela data.
A guerra no Afeganistão matou 2.400 militares dos EUA e
custou aos cofres do país aproximadamente 2 trilhões de dólares. O maior número
de contigente de soldados dos EUA no Afeganistão foi alcançado em 2011 com mais
de 100.000. Mesmo assim não conseguiram dobrar a resistência taleban, colhendo
uma série de derrotas estratégicas. Como hoje a OTAN concentra todas suas
forças em um possível ataque a República de Donetsk, na região de Donbass no
território que pertenceu à Ucrânia, decidiram reconhecer a derrota, com ares de
“retirada”, para tentar amenizar a humilhação do imperialismo.