UMA SEMANA DA CHACINA DO JACAREZINHO: A POLÍCIA É O BRAÇO ARMADO DA ELITE CAPITALISTA RACISTA, NÃO PODE SER DEMOCRATIZADA OU REFORMADA, PRECISA SER DESTRUÍDA PELA LUTA DOS TRABALHADORES!
A chacina no Jacarezinho que deixou quase 30 mortos, quase todos negros e pobres, completa hoje uma semana e reafirma que no Brasil os fuzilamentos existem rotineiramente (não atravessamos nenhuma guerra civil) e são operados oficiosamente pelas polícias militar e civil contra a população das periferias de grandes centros urbanos. A brutal execução sumária no Jacarezinho foi mais uma constatação de que a pena de morte existe no Brasil, além da vigência da tortura nas delegacias, sendo dirigida contra os pobres, jovens e mulheres.
A
mídia e os governos burgueses tentam desvincular a ação criminosa de uma
política quotidiana da PM, como se não lembrássemos de centenas de Amarildos
covardemente mortos e ainda culpabilizados pela corporação como "bandidos
e marginais". Os PM's responsáveis pelos crimes seguem o
"roteiro" tentado passar a versão de que os mortos estariam armados porém
desta vez a farsa foi tão grotesca que a "versão oficial" não pôde
ser sustentada por muito tempo.
O que estamos assistindo com mais intensidade agora no Rio,
é produto da política de "higienização social" da cidade em meio a
pandemia. Para o povo pobre, bem distante da "cidade maravilhosa" da
zona sul, fica o "legado" da repressão policial e discriminação
racial e social. Muitos "críticos" desta sinistra ação dos policiais
assassinos, afirmam que não se pode generalizar o fato para o "conjunto da
instituição policial", já a esquerda revisionista caracteriza que os
"policiais são meros trabalhadores fardados" e que poderão até mesmo
ser "companheiros na luta" por melhores salários.
Nós da LBI divergimos pelo vértice desta consideração
antimarxista dos revisionistas do PT, PSTU, PSOL que apoiam as greves policiais
por "melhores condições de trabalho". A polícia em seu todo
institucional é o braço armado dos interesses capitalistas, trata-se do
monopólio estatal que a burguesia detém para exercer a violência contra o
proletariado e a população oprimida. Não defendemos nenhum tipo de
"reforma democrática" no aparato policial, combatemos pela sua
destruição revolucionária no bojo da demolição do Estado burguês.
Exigir o "fim da PM" e sua substituição por uma
"polícia democrática" ou "comunitária", como advogam os
revisionistas, corresponde a admitir a legitimidade histórica da repressão da
burguesia sobre os trabalhadores por meios mais "civilizados". Para
julgar e condenar crimes hediondos praticados contra nosso povo por agentes do
Estado capitalista, é necessário a construção de Tribunais Populares, no mesmo
processo histórico da organização de comitês de segurança militar do
proletariado. Porém estas consignas estão diretamente relacionadas a uma nova
etapa da luta de classes, onde a classe operária seja protagonista do cenário
nacional da luta pelo socialismo.
A polícia é uma ferramenta do Estado (classe dominante) para
o controle social e defesa da propriedade privada. Que cumpre seu papel de
controle social através da aplicação sistemática do terror – terrorismo de
Estado – contra a população pobre e negra. A execução de jovens negros em
favelas e periferias é parte do cotidiano. Não o contrário. Portanto, não é
despreparo ou mero desvio de conduta. A polícia é preparada para matar e
reprimir pobre.
Outro ponto a se destacar: é mais um caso que por pouco não se enquadrou em auto de resistência. Prática usual da polícia política da época da ditadura e que nunca acabou nas favelas e periferias são as execuções sumárias que se “transformam” em auto de resistência, que na verdade é licença para matar.
Não há saída dentro das instituições do regime e do próprio Estado burguês. Denunciar a polícia para a própria polícia não resolverá. Nunca resolveu. O Estado não julgará a si próprio. O povo precisa cada vez mais se organizar e encontrar suas próprias ferramentas de autodefesa contra esse Estado terrorista.
Neste sentido, diante de uma situação de extermínio da população trabalhadora desde seu local de moradia pelas mãos do Estado burguês, não resta outra alternativa que não seja a resistência direta e sua autodefesa contra os facínoras fardados.
Dessa forma, é imperativo a criação de Comitês de
autodefesa pelos trabalhadores que estão sendo brutalizados pela PM como
fizeram os Panteras Negras nos EUA nas décadas de 60 e 70, como forma de
sobrevivência de todas as comunidades moradoras das favelas e periferias do
país, bem como a articulação de uma frente única de luta de favelas. Dessa
forma, ao contrário do que pregam os revisionistas do PSTU e PSOL que desejam
desmilitarizar essa corporação, o movimento de resistência tem que se basear
num dos princípios mais fundamentais da luta de classe elaborada por Marx e
Engels que é a destruição violenta de todo aparato repressivo da burguesia.
Fato este que não pode estar separado da luta pelo poder do proletariado, pondo
fim definitivo através da revolução socialista a toda ordem burguesa apodrecida
que necessita da guerra contra nossa classe para sobreviver.
Nos últimos anos não faltaram as vozes na “esquerda” reformista em defesa da greve dos policiais, os arautos do “tradeunismo” vulgar dizem que são “trabalhadores fardados” e nesta condição vítimas da exploração e arrocho salarial como os outros servidores públicos. Os policiais, como uma categoria social, realmente são assalariados (e na sua grande maioria de origem proletária) e nisto se resume seu único “denominador comum” com os trabalhadores. Como um destacamento de “serviços especiais” do Estado burguês, os policiais não fazem parte da classe trabalhadora, como demonstrou o próprio Lenin, em seu excepcional artigo sobre os serviços de “inteligência” do regime tsarista.
A polícia cumprindo a função social de um destacamento armado para preservar a propriedade privada dos meios de produção, jamais poderia ser considerada parte integrante da classe trabalhadora, pelo menos para os que têm referência no marxismo. Somente revisionistas mais decompostos podem acreditar que a função da polícia em uma sociedade de classes é cuidar da “segurança pública”, de todos os cidadãos independente de sua posição na cadeia produtiva.
A verdadeira “proteção” da polícia é dada apenas à burguesia nos momentos em que se sente “ameaçada” de seus lucros pelas lutas do proletariado. Para Trotsky, “inclusive as frações mais avançadas (do exército) não passarão aberta e ativamente para o lado do proletariado até que vejam com seus próprios olhos que os operários querem lutar e são capazes de vencer (“Aonde vai a França?”). Ou seja, a unidade do proletariado mesmo com os setores mais avançados do exército só se dará em situações pré-revolucionárias.
Nos atos que ocorrem hoje,13.05, pelo país é preciso convocar a mobilização dos trabalhadores para impulsionar a formação de comitês de autodefesa e milícias operárias, educando o proletariado para a necessidade da destruição do aparato repressivo do Estado burguês, única via que poderia inclusive forçar uma ruptura revolucionária na hierarquia militar.