quinta-feira, 27 de maio de 2021

NELSON SARGENTO NÃO MORRE! PORQUE TAMBÉM O SAMBA AGONIZA MAS NÃO MORRE NA RESISTÊNCIA DO POVO BRASILEIRO!

O nosso grande mestre querido nos deixou fisicamente hoje, uma quinta-feira (27/05) sombria para a resistência da cultura popular brasileira. O “Sargento”, do autor do samba Agoniza mas não morre (de 1979), corresponde, na verdade, à mais alta graduação que o cidadão Nélson Mattos atingiu quando serviu ao Exército brasileiro. Mas na música do povo brasileiro, o samba, Nelson era um verdadeiro marechal! Viveu durante longos anos nos morros da cidade do Rio de Janeiro. Viveu na zona norte do Rio, a grande Tijuca, terra de grandes mestres como Aldir Blanc e Noel Rosa. Entretanto Nelson foi considerado cidadão do mundo, já que sua música é conhecida da América até no Japão. Homem generoso era casado com Evonete Belizario Mattos, teve seis filhos biológicos e três adotivos, além de ter criado vários filhos e filhas do coração. O compositor mangueirense, como seu compadre Cartola, possui aproximadamente, quatrocentas músicas em seu repertório. Mudou-se do Morro do Salgueiro para o Morro da Mangueira aos 12 anos de idade. Nelson Sargento militava pelo samba desde os anos 40 quando o gênero era marginalizado e perseguido pelo Estado burguês, um instrumento da alienação cultural do povo, para consolidar a dominação do capital.

Sargento nasceu em 25 de julho de 1924, na Santa Casa da Misericórdia, na Praça XV, filho de Rosa Maria da Conceição e Olímpio José de Mattos. Rosa Maria era empregada doméstica e cozinheira. Trabalhava e morava com Nelson na Tijuca, na casa do comerciante Manoel Ferreira Dias que era atacadista de secos e molhados, na Rua do Acre, no Centro. Seu pai, cozinheiro de profissão, trabalhava no Armazém Dragão. Nelson conviveu pouco com o pai. Encontravam-se esporadicamente, pois quando o conheceu, ele não morava mais com sua mãe. Olímpio morreu de gangrena, depois de um acidente na cozinha de um restaurante, uma panela de água quente caiu em seu pé e, não sendo tratado, acabou falecendo.

Nelson despontou para a música na adolescência, quando Alfredo Português descobriu o talento que surgia no jovem. Compuseram, em 1955, o samba-enredo "Primavera", também chamado de As quatro estações do ano, considerado um dos mais belos de todos os tempos.

Nélson integrou o conjunto A Voz do Morro, ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho. Entre seus parceiros de composição musical, estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca.

Escreveu os livros "Prisioneiro do Mundo" e "Um certo Geraldo Pereira". Atuou nos filmes "O Primeiro Dia", de Walter Salles e Daniela Thomas, "Orfeu" de Cacá Diegues, e "Nélson Sargento da Mangueira" de Estêvão Pantoja, que lhe valeu a premiação do Kikito, no Festival de Gramado, pela melhor trilha sonora entre os filmes de curta metragem.

Nelson Sargento foi vacinado contra Covid no dia 31 de janeiro, em uma cerimônia no Palácio da Cidade, na qual o prefeito neoliberal da direita “civilizatória”, Eduardo Paes, deu início à campanha de vacinação para a “terceira idade” no Rio. Ao lado dele, estavam outros quatro idosos, entre eles o ator e comediante Orlando Drummond, de 101 anos. Mesmo tendo recebido as duas doses do imunizante, Nelson Sargento foi acometido de Covid, o que revela a pouca imunização fornecida pelas vacinas da Big Pharma.

Nosso querido Nelson apenas nos deixou fisicamente, partiu da vida material e ingressou definitivamente na história do nosso povo, da nossa cultura e do nosso samba! Nelson Sargento, estará presente em cada roda de samba, em cada musica de resistência e em cada luta do nosso povo preto, pobre e explorado pelo capital!