segunda-feira, 5 de abril de 2021

O “GRANDE RESET” QUE A ESQUERDA NÃO QUER VER: LG FECHA FÁBRICA NO BRASIL SEGUINDO A TENDÊNCIA DA “REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA” DAS EMPRESAS CAPITALISTAS NO MUNDO DURANTE A PANDEMIA 

A LG anunciou nesta segunda-feira (05.04) que vai encerrar a produção de celulares. No Brasil, a medida vai impactar diretamente a fábrica da sul-coreana em Taubaté, no interior de São Paulo, a única da companhia no país voltada para a produção de smartphones. A unidade, que também produz monitores, tem cerca de 1 mil funcionários. Desse total, 400 estão alocados na área celulares. A empresa afirma que o fim das operações foi definida após sucessivos prejuízos na área e se impôs na pandemia para fazer a chamada "reestruturação produtiva" como parte do "Grande Reset" que a esquerda não quer ver!

 A companhia havia tentado vender todo o setor, mas, sem sucesso, optou pelo encerramento das atividades. Os trabalhadores da divisão de celulares da fábrica de Taubaté aprovaram estado de greve em 26 de março. Na ocasião, eles buscavam negociação com a empresa.

Em janeiro, outra multinacional que atua no país fez anúncio que deve impactar a economia brasileira e provocar perda de empregos, também com impacto direto em Taubaté. A montadora Ford anunciou que encerra a produção de veículos em suas fábricas no Brasil em 2021. Ao todo, 5 mil empregos vão ser afetados em Taubaté no Brasil.

O futuro da LG já era especulado pela imprensa internacional desde o início do ano. Em fevereiro, uma notícia veiculada pelo jornal "The Korea Times" informava que a LG havia iniciado as negociações para a venda da produção global de celulares da marca. No entanto, no fim de março a Bloomberg publicou que após o fracasso das negociações com uma empresa alemã e outra vietnamita, a empresa sul-coreana iria fechar o setor em vez de vendê-lo.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté disse que a empresa não informou sobre os impactos da decisão em relação aos trabalhadores e à fábrica de Taubaté. A entidade afirmou que tem reunião agendada com a direção nesta terça (6). Reforçou ainda que busca desde janeiro reuniões com a empresa, mas não foi atendido, sempre sabotando o caminho da luta direta e da ocupação de empresa. "Vamos passar a próxima semana inteira negociando com a LG. A empresa atendeu o sindicato e começamos a conversar. Agora vamos discutir com a fábrica possibilidades e alternativas para a questão", disse Claudio Batista, presidente do sindicato.

Atualmente a LG tem 6,5% de participação no mercado de smartphones no Brasil e 1,6% no mercado global, onde já chegou a registrar 4,1% em 2014. No Brasil, ela chegou a ter 16,1% do mercado em 2013.

O “Grande Reset” da economia capitalista mundial já está em pleno andamento, e ao contrário do que afirma a esquerda reformista não é uma “invenção da cabeça dos paranóicos”, é um fato concreto também comprovado no Brasil pelo fechamento das atividades industriais da multinacional LG. A resolução de finalizar as linhas de manufaturas brasileiras segue uma reestruturação dos negócios na América do Sul, que tende a impactar setores estratégicos da classe operária em todo o continente latino-americano.

Diante da inércia da CUT e do PT, é necessário que as organizações classistas intervenham imediatamente neste processo de “falência branca” da LG no Brasil, convocando assembleias democráticas na deflagração de uma greve de ocupação por tempo indeterminado, única via para barrar o seu fechamento.