sexta-feira, 5 de março de 2021

STÁLIN MORREU HÁ 68 ANOS MAS CONTINUA SENDO ALVO DE UMA CAMPANHA ANTI-COMUNISTA PATROCINADA PELO IMPERIALISMO, A MÍDIA A SERVIÇO DO CAPITAL E SEUS "PAPAGAIOS": OS GENUÍNOS TROTSKYSTAS NÃO EMBARCAM NA CANTINELA REACIONÁRIA REPLICADA PELO REVISIONISMO  

Há exatos 68 anos, no dia 05 de março de 1953, faleceu Josef Stalin. Ele ascendeu a Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética com a morte de Lênin, depois de derrotar e posteriormente eliminar os dirigentes bolcheviques que resistiram a sua ascensão política. Trotsky escreveu uma biografia política dedicada a Stálin analisando detalhadamente esse processo. Sua morte anunciada oficialmente na época como produto de um derrame cerebral fez parte, na verdade, de uma feroz luta interna no interior do PCUS, a partir da deflagração da própria sucessão de Stalin em função de sua precária saúde e idade relativamente avançada, 73 anos.

Na manhã de 1º de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda e ter visto um filme, Stalin chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km a oeste do centro de Moscou com o Ministro do Interior, Lavrentiy Beria, e os futuros ministros Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto para dormir. À tarde, Stalin não saiu do quarto. Embora os seus guardas estranhassem que ele não se levantasse à hora usual, tinham ordens estritas para não o perturbar e deixaram-no sozinho o dia inteiro. À cerca das 22 horas Peter Lozgachev, o Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Stalin caído de costas no chão perto da cama, com o pijama e ensopado em urina. Assustado, Lozgachev perguntou a Stalin o que aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev usou o telefone do quarto para chamar oficiais, dizendo-lhes que Stalin tinha tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência de Kuntsevo imediatamente. 

Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas da cama e deitando-o. Nikita Khrushchev escreveu em suas memórias que, imediatamente após a morte de Stalin, Beria teria começado a “vomitar seu ódio (contra Stalin) e a zombá-lo”, e que quando Stalin demonstrou sinais de consciência, Beria teria se colocado de joelhos e beijado as mãos de Stalin.

No entanto, assim que Stalin ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente teria se levantado e cuspido com nojo. Os meses de janeiro e fevereiro daquele rigoroso inverno de 53 foram marcados por intensas movimentações nos bastidores do partido, culminando com o anúncio da descoberta do chamado “complô dos médicos” onde fora relatado que catedráticos da Universidade de Moscou seriam membros de uma organização de espionagem britânica empenhados em assassinar as mais altas lideranças soviéticas. Estava dada a senha para um novo processo de expurgos no Politburo, onde Stalin pretendia “depurar” a lista de seus mais prováveis sucessores. Mas, o temido Lavrentiy Beria, comissário do povo para assuntos internos, teria agido mais rápido e de forma “preventiva”. 

Beria, temendo a nova purga stalinista que certamente o atingiria, tratou de envenenar o “Guia Genial dos Povos” e, por ironia da história, com veneno para matar ratos, como ficou comprovado somente em 2003 por uma equipe de legistas e historiadores russos absolutamente isenta. Segundo o grande historiador Isaac Deutscher, a absurda preparação de mais um “julgamento espetáculo” por Stalin às vésperas de sua morte, correspondia a sua já deteriorada condição ideológica comunista (se mostrava cada vez mais simpático às ideias de Mussolini) e, por consequência, em mudanças no caráter do regime soviético.

Como afirmou Trotsky, a burocracia atua como uma casta que defende “até a morte” seus próprios privilégios materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado operário), e nada mais coerente que diante da ameaça de Stalin de solapar os fundamentos do Estado soviético os próprios stalinistas dessem cabo de seu “chefe”. 

A verdade é que o homem de aço (Koba), elogiado por Lenin pela sua determinação incorruptível, vivia seus piores momentos no início da década de 50, após quase ter levado a derrota da URSS na Segunda Guerra mundial com a assinatura do pacto de cooperação com a Alemanha nazista, mais conhecido como “Pacto Ribbentrop-Molotov”. Pressionado pelas potências imperialistas consideradas “amigas” após a assinatura dos acordos de cooperação e não agressão de Yalta (1945), na Crimeia às margens do Mar Negro, Stalin leva às últimas consequências sua política contrarrevolucionária de coexistência pacífica com a burguesia mundial, debilitando assim sua própria liderança no movimento comunista internacional.

Revoluções no mundo capitalista ocidental são “afogadas” pela URSS (França, Itália e Grécia) em nome do respeito às “zonas de influência”, neste período surge até o conceito do “socialismo só em meio país”, como no Vietnã e Coreia. Na China, rompendo a orientação de Stalin em dissolver o Partido Comunista no movimento nacionalista burguês, se insurge Mao Tsé-Tung, assumindo assim a direção política de um novo viés da esquerda revolucionária, que anos depois se repetiria em Cuba. Passados sessenta anos da morte de Stalin, com todos seus graves erros de estratégia e traições ao legado teórico leninista, desgraçadamente a vertente revisionista do trotsquismo (seguida de toda intelectualidade pequeno-burguesa) insiste em identificar o “fenômeno histórico” do Stalinismo como sendo sinônimo de “ausência de democracia” e “provocador de calúnias”.

Com este binômio, que com certeza é um elemento acessório da praxis stalinista, os revisionistas tentam enquadrar os marxistas revolucionários que denunciam seu programa de colaboração política permanente com o imperialismo, este sim um legítimo tributo à continuação da estratégia stalinista da colaboração de classes e subordinação ao “grande amo do norte”.

A tentativa de apresentar a figura de Stalin como o “grande demônio”, muito pior do que qualquer ditador fascista ou imperialista não é propriamente uma “novidade”. O próprio Trotsky no final dos anos 30 teve que combater esta posição liquidacionista no seio da seção norte-americana da IV Internacional, o SWP, representada pela fração antidefensista de Shachtman e Burnham. Para este setor do “velho” SWP que deu origem ao revisionismo atual, Stalin era igual a Hitler, um “ditador sanguinário”, esta caracterização impediria, portanto a possibilidade de se estabelecer qualquer política de frente única com o Stalinismo na defesa das bases sociais do Estado operário soviético. 

No seu livro “Em defesa do marxismo”, Trotsky elaborou um artigo, “De um simples arranhão ao perigo de uma gangrena”, onde desconstrói na gênese a stalinofobia, tanto praticada pelos revisionistas da atualidade. Para Trotsky: “Stalin derrubado pelos trabalhadores significava a revolução, mas Stalin derrubado pelos imperialistas representava a contrarrevolução”. Não por coincidência, os dirigentes revisionistas do SWP acabaram seus dias de vida como colaboradores diretos do imperialismo norte-americano, inclusive a serviço das suas intervenções militares para “salvar a democracia”. 

Os revisionistas contemporâneos (LIT, UIT, PCO, CWI etc.) não em poucas oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta contra o autoritarismo Stalinista”. O processo contrarrevolucionário que destruiu as conquistas sociais do Estado operário soviético, e na sequência de todo Leste europeu, contou com o apoio frenético de organizações revisionistas como o PSTU e “similares” Morenistas. 

Para estes canalhas que enlameiam a referência do genuíno trotsquismo, a defesa das “liberdades  democráticas” formais estava acima da luta para conservar as bases da economia socializada da URSS. Também não tem a menor vergonha política de saírem na defesa de agentes da contrarrevolução aberta em Cuba, como a blogueira da CIA Yoani Sánchez, tudo em nome da “democracia” e da “oposição ao Stalinismo”. Não por acaso, estes revisionistas stalinofóbicos do PSTU/LIT tem seguido o mesmo caminho político de seus “mestres” Shachtman e Burhnam, colaborando com as ações militares da OTAN contra as “ditaduras sanguinárias” da Líbia e Síria.

Como Trotskistas não temos qualquer “simpatia” pela figura pessoal de Stálin e do papel político e histórico que jogou na liquidação da vanguarda bolchevique, organizando os Processos de Moscou contra as oposições internas e preparando pessoalmente o assassinato do fundador da IV Internacional.

Foi a política de pacto com Hitler primeiro e defesa da “paz mundial” com o imperialismo depois que abortou e traiu as revoluções no pós-guerra. Entretanto, como Marxistas Revolucionários, consideramos a burocracia stalinista um produto do isolamento e da degeneração do Estado Operário soviético, ela como casta parasitária teve um papel dual: ao mesmo tempo que solapava suas bases por sua orientação política e econômica equivocada se viu obrigada “por métodos torpes” a defender a URSS, fonte de sua própria existência social.

Os que hoje papagaiam baboseiras palatáveis a “opinião publicada” pelos jornalões burgueses, enumerando os “crimes de Stálin” e não fazem qualquer menção a essa dualidade são os que se negaram a defender a URSS mesmo degenerada quando esta foi liquidada pela ação de uma ala da burocracia (Yeltsin) que se converteu em agente direta do imperialismo ianque e europeu, rompendo com o PCUS.

Esses arautos que não se cansam em denunciar Stálin por ter comandado a burocratização da URSS, não moveram um dedo para defendê-la frente a restauração capitalista e apresentar uma alternativa revolucionária desde o campo de luta da defesa das conquistas da Revolução de Outubro, como nos ensinou Trotsky. 

Os que pensam ser grandes “intelectuais” espalhando praticamente cópias de panfletos da Casa Branca sobre Stalin, “o sanguinário assassino”, sequer conhecem as posições do “velho” sobre o caráter dual do stalinismo, seu papel na contrarrevolução que sedimentou as bases para a burocratização da URSS, destruiu a III Internacional fundada por Lenin, porém estabeleceu ao mesmo tempo um limite de contenção para a expansão imperialista em todo o mundo.

PCO, PSTU, CST, O Trabalho, Esquerda Marxista, MES, Esquerda Diário (MRT) e toda uma cepa de “intelectuais progressistas” ... se aliaram as forças políticas e sociais (Yeltsin e os restauracionistas) que em nome do combate ao Stalinismo e da “defesa da democracia” se aliaram a Casa Branca e as potências capitalistas para liquidar a URSS, que por mais degenerada estivesse, ainda era um Estado Operário a ser defendido para se avançar em uma revolução política.

A burocracia stalinista atuou como uma casta que defendeu “até a morte” seus próprios privilégios materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado operário). Esse foi um dos ensinamentos preciosos de Trotsky completamente desprezados por esses senhores que não se cansam em usar o “trotskismo” como passaporte de “bom trânsito” com a intelectualidade pequeno-burguesa defensora da democracia como valor universal e avessa ao “autoritarismo” personificado por Stálin.

A “peste teórica” da stalinofobia vem servindo há várias décadas como instrumento aberto da contrarrevolução, sendo utilizada pelo imperialismo ianque para atacar não só os Estados Operários, mas também o conjunto de conquistas sociais históricas do proletariado em todas as partes do planeta. As duas principais vertentes que hoje debatem o chamado “legado” de Stalin, ou seja, os stalinofóbicos e os stalinofílicos, não servem como instrumento para a revolução socialista e nada tem a ver com a gigantesca herança teórica deixada por Leon Trotsky.

Estes “senhores intelectuais”, em conjunto com uma gama de correntes revisionistas do Programa de Transição, não podem se diferenciar das vulgares calúnias imperialistas lançadas contra Stalin, simplesmente porque são correia de transmissão dos EUA no movimento operário mundial, com o “presidente cowboy” Ronald Reagan saudaram a destruição reacionária da URSS como sendo uma verdadeira “Revolução Democrática” e seguindo a mesma trilha política ajudaram a OTAN a derrubar “outro ditador sanguinário” na Líbia, levando na bagagem desta “ação revolucionária” a devastação inteira de um país e seu povo, que hoje vive a “barbárie democrática”.

Os revisionistas contemporâneos não em poucas oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta contra o autoritarismo Stalinista”. O processo contrarrevolucionário que destruiu as conquistas sociais do Estado operário soviético, e na sequência de todo Leste europeu, contou com o apoio frenético de organizações revisionistas. Para estes canalhas que enlameiam a referência do genuíno trotsquismo, a defesa das “liberdades democráticas” formais estava acima da luta para conservar as bases da economia socializada da URSS.

68 anos após a morte de Stalin, os bolcheviques-leninistas reafirmam todas as denúncias das traições da colaboração de classes que levaram ao fim da III Internacional e ao enfraquecimento das bases do Estado soviético, alimentando a ofensiva da contrarrevolução interna, comandada pelo arrivista bêbado Boris Yeltsin. Muito mais além das falsificações e da política de extermínio dos quadros da “oposição de esquerda”, como Trotsky e Zinoviev entre tantos dirigentes comunistas da revolução de outubro, o grande “crime” de Stalin se concentra na adoção da estratégia do “socialismo em só país” (ou até meio) e na política de colaboração de classes com a burguesia mundial. 

A linha do “reformismo” como “tática” oficial dos partidos comunistas stalinizados em todo o mundo, tomada por empréstimo da velha social democracia, parece que contaminou o conjunto da esquerda socialista, “derivando” até para um revisionismo “trotsquista”, tão simpático às democracias imperialistas.